DIÁRIO
DE VIAGEM
Saímos de Esquel logo cedo.
Aproveitamos para conhecer a estação de esqui local – La Hoya, distante 13 km,
numa estrada de rípio em zigue-zague (hairpin) montanha acima. A estação é
pequena, poucas pistas e poucos meios de elevação. Não vale a pena..., mas
marcamos o quadrinho.
Tomamos a Ruta 40 e lá fomos nós
para o próximo destino. A estrada era de asfalto e muito boa até Gobernador
Costa, uma pequena cidade que mais parecia cidade-fantasma do Velho Oeste. A
partir de lá ficou ruim, sem sinalização, com as bordas irregulares, contudo,
mantendo o piso central bom. Ela se manteve assim até Rio Mayo, uma cidade que
parecia muito mais um povoado, encravado em um vale. A partir daí, rípio de
pedras soltas, fazendo barulho na lataria do carro, espremendo o coração do
dono. Na entrada da Província de Santa Cruz reiniciou o asfalto de muito boa
qualidade que se manteve até o destino, Los Antiguos.
Quanto mais descíamos mais deserta
ficava a região. Não se via nada no horizonte, nada de árvores, somente os
mesmos pequenos arbustos arredondados. Ficávamos muito tempo sem ver outro
carro! No caminho passávamos por alguns povoados com meia dúzia de casas. Muitas
terras com criações de carneiros, a maioria com filhotes, mas não se via casas
de fazenda. Eventualmente, vacas e cavalos. A estrada totalmente sem apoio, não
tinha um lugar para parar – até se quisesse fazer pipi na estrada não tinha
nenhuma moita para ficar atrás!!!
O “high light” de hoje é que vimos na estrada um guanaco,
que se assustou ao ver o carro e correu, além de um tatuzinho que passou
correndo, bem como uma raposa, correndo atrás de caça. Além disso, só muito
carneiro!
Paramos para almoçar e abastecer em
Rio Mayo – terrível! O posto muito simples, quase não encontramos. Pelo menos a
gasolina era bem barata, R$ 1,92 o litro. Depois fomos almoçar na Rotisseria El
Gordo, um lugar muito feinho, um atendimento muito fraco, mas pelo menos a comida
era razoável. A cidade deve ter crescido em torno de um quartel e um vila do
Exército – Batalhão de Engenharia. Umas poucas ruas sem calçamento, umas
casinhas feiosas...., mas nada e no meio de nada...
Seguimos então para Los Antiguos,
nosso destino de hoje. Para isso desviamos 62 km da nossa rota para ter um bom
lugar para dormir, já que na nossa estrada não havia nada aceitável.
Los Antiguos é uma cidade na
fronteira com o Chile (3 km), às margens do lago Buenos Aires. O lago é enorme
e vai até o Chile, onde se chama lago General Carrera. Tem águas muito limpas,
de vários tons de azul, cercado de montanhas. Ventava tanto que o lago tinha
ondas com espuma branquinha que davam até para fazer um surf. Acho que o nosso
filho Bruno ia gostar muito deste lago devido ao vento constante e acima dos 35
nós, o que lhe permitiria a prática do kite surf o ano inteiro. O problema é a
temperatura da água, pois mesmo nessa época do ano (novembro) gira entorno dos
8 graus.
Nosso hotel é a Hosteria Antigua Patagonica, muito grande e bonito,
na beira do lago e na entrada da cidade. Ainda bem, pois compensa a Cabaña de
ontem que era horrível. Isto é, a cabana em si era razoável mas o banheiro –
OMG – quem fez aquele box não tinha mãe. A gente não cabe dentro dele e ainda
molha todo o banheiro. E também não tinha café da manhã – fomos tomar na loja
de conveniência do posto de gasolina. Este hotel que estamos agora é muito bom,
amplo, com uma linda vista para o lago, onde tem um atracadouro. E o banheiro é
ótimo! Ih ih ih.
Demos uma volta até a cidade – é pequena, tem uma galeria
com lojas de artesanatos, roupas etc... alguns poucos pequenos restaurantes,
umas pousadas... Na beira do lago foi construído um passeio com bancos para
ficar olhando o lago e pista para se caminhar.
Temos observado por todo lugar que
há umas árvores imensas que são plantadas em torno de plantações, demarcações
de terrenos, áreas públicas, etc... São álamos, de várias espécies e são usadas
mesmo para proteção contra o vento.
Desde que entramos na Argentina
temos visto na beira das estradas umas casinhas vermelhas, bem pequenas, com
santos e flores dentro, às vezes ao lado de cruzes. Imaginamos que, como no
Brasil, fosse referência a algum acidente fatal naquele local. No entanto,
observamos que elas aumentaram em quantidade, em alguns lugares tinha várias
delas lado a lado, com flores, bandeiras vermelhas e garrafas pet com água.
Perguntamos a moça do nosso hotel que nos explicou que é uma tradição
relacionada com um santo popular, um “gauchito” que não é reconhecido pela
Igreja, a quem as pessoas prestam homenagens e pedem proteção para as estradas.
Falando em estradas... Hoje,
enfrentamos uma novidade que não estamos acostumados no Brasil. Mesmo tendo
sido avisado por outros colegas que já fizeram essa viagem ficamos
impressionados com a força dos ventos aqui na Argentina. Ouvimos dizer que
ainda vai piorar, quando formos mais para o Sul. É impressionante e o efeito é
drástico, chegamos a aumentar em 2 a 2,5 km/lt o consumo de combustível do
carro. Tivemos que reduzir a velocidade de cruzeiro para uns 100 km/h para me
manter em um consumo aceitável e garantir a segurança na direção. Até hoje, sem
vento, tenho mantido um regime de cruzeiro, quando posso, em torno dos 130
km/h, isso devido a qualidade do piso das estradas que é muito bom e, também, a
velocidade de cruzeiro dos “hermanos”, que é sempre alta. Nas estradas de
rípio, que são ótimas, procuro manter um cruzeiro entre 60 e 80 km/h. Não dá
para passar disso, sob pena de levarmos um susto com uma derrapada.
O carro está se havendo muito bem. Levamos um pequeno susto
no trecho de Foz do Iguaçu para Uruguaiana, quando o nosso sensor de visão
obstruída nos retrovisores parou de funcionar (não ia mudar nada na viagem,
mas... carro novo é assim mesmo). Acreditamos que isso ocorreu por ele ter
ficado todo sujo com a lama da estrada, choveu muito e aquela área da Província
de Missiones e Entre Rios da Argentina é toda barrenta. Após reduzir a chuva e
a lama ele voltou a funcionar normalmente.
O outro probleminha que enfrentamos no dia de hoje não foi
no carro propriamente dito, foi na película do vidro da janela da Jussara que
começou a se soltar. Tentamos dar um jeitinho, mas acho que ela vai se soltar
toda até o fim da viagem. Serviço mal feito em Brasília que vamos reclamar na
volta.
Amanhã, no rípio o dia inteiro, seguimos na proa de El
Chaltén, uma das cidades que vamos passar mais dias. É a capital do treeking na
Argentina, então vamos aproveitar!!!
Acho que não consegui postar. Vou repetir.
ResponderExcluirNão retire a película. Meu filho fez isto na vistoria do Detran e deixou o vidro melado. Viajou em seguida e perdeu duas máquinas do vidro elétrico. Se sair sozinha limpe bastante.
Um forte abraço
Jordão
PS.: fico imaginando toda sua viagem. Sensacional