Eu estou “speecheless”... Ou seja,
sem palavras. Melhor ainda, sem adjetivos para descrever todas as belezas
naturais que vimos nesse Parque. Quem me dera ter o dom da oratória de Cícero,
ou a riqueza de vocabulário de José de Alencar! Mas, vamos lá...
Tomamos o rumo do parque às 9 horas.
O parque fica a 100 km de Puerto Natales, tem 181.400 hectares e foi criado
definitivamente na década de 70 como uma reserva da fauna e da flora e para
preservar suas belezas como lagos, picos, geleiras etc. Ele é procurado por
turistas de todo o mundo que aqui vêm escalar, caminhar, estudar a vida silvestre.
Até a entrada a estrada e asfaltada – a partir daí, em rípio bem conservado.
Logo na entrada (são varias entradas) há um posto de administração, com
guarda-parques onde nos registramos e pagamos uma taxa de 18.000 pesos chilenos
(cerca de 72 reais) e recebemos mapas, folhetos e instruções sobre o parque.
Há várias atrações – Lago Grey com seu glacial, os Cuernos de Paine (paine na linguagem ahoninken quer dizer azul), um conjunto de 3 picos de granito e rocha sedimentar, as Torres del Paine (a mais famosa), um conjunto de 3 picos bem verticalizados de granito, e muitos outros. Dentro do parque há hotéis, vários acampamentos e refúgios para aqueles que querem fazer caminhadas prolongadas com pernoite. Tudo muito bem sinalizado e cuidado. Não vimos lixo, sujeira, nada de agressão à natureza.
Seguimos pela estrada passando pelas
“Cuevas de Milodon”, umas cavernas onde foram encontrados fósseis de um animal
pré-histórico (pelas fotos parece um ancestral dos ursos com uma longa cauda),
dali seguimos para o Lago Porteño a partir de onde já começamos a avistar os
Cuernos del Paine – um conjunto de 3 picos em forma de chifres com altura entre
2600 e 2000 metros, o cuerno principal, o norte e o leste.
Continuamos pela via
Y-290 até o Lago del Toro, Lago Pehoé, uma série de lagunas, Lago Nordenskjold
e Lago Sarmento. Este lago tem uma particularidade – suas águas muito azuis com
umas formações rochosas brancas em suas bordas – os trombolitos – uma estrutura
calcárea.
Neste percurso nos aproximávamos cada vez mais dos Cuernos (embora
parecessem perto, ainda estavam muito longe de nós, só se chegando à sua base
após uma longa caminhada), mas eles ficavam mais visíveis e batemos muitas
fotos.
Ao lado do Lago del Toro paramos para bater fotos e presenciamos algo
desconhecido para nós – um vento muito forte, uns 35-40 km/h, que levantava a
água do lago que de longe parecia um gêiser.
Eu subi num banco para ver melhor
e quase caí devido ao vento. O vento jogava até as pequenas pedrinhas do rípio
em nós. Logo adiante paramos para fazer uma pequena caminhada até o Salto
grande, uma cachoeira na passagem entre rios. O vento na ida nos impedia de
caminhar, na volta, pela popa, nos empurrava. Uma loucura! A cachoeira é muito
bonita, embora não muito grande, com águas transparentes e um permanente
arco-íris.
Prosseguimos até uma hosteria para almoçar e fomos adiante. Pelo caminho
encontramos muitos guanacos, enormes bandos deles, sempre muito ariscos, mas conseguimos
boas fotos. Também vimos bandúrrias (um pássaro de longo bico curvo, também
conhecido como íbis), gavião do tipo Carancho, vários modelitos de patos e
pássaros pequenos. A vegetação se alternava entre arbustos rasteiros, o coirón
e um outro de flores vermelhas, o neneo, e árvores mais altas como as lengas,
coigos e nirres, que são as mais abundantes nesta região.
A partir daí começamos a ver as Torres del Paine, um conjunto de picos graníticos, bem verticalizados – são três, a torre sul com 2850 metros, a central, 2800 metros e a norte com 2248. Logo ao lado, um pico mais largo e arredondado, o Nido del Condor. Novas sessões de fotos. E retorno para a cidade. Na saída do parque devolvemos o papel de registro que havíamos feito na entrada para que seja feito controle dos visitantes.
Até tentamos fazer alguma caminhada,
mas o negócio aqui não é para amadores. As caminhadas são longas e por terrenos
íngremes. Só tem uma ou outra caminhada para acessar um mirante que é menor,
mas mesmo assim, leva 2 horas para ir e voltar. As menores caminhadas são de 4
horas- SÓ DE IDA! -. Muitas, ou talvez a maioria delas, seja com pernoite. Há
alguns circuitos organizados de volta pelo parque que duram de 5 a 8 dias. Mas,
é possível circular por grande parte do parque de carro até as diversas
atrações. No Lago Grey tem um passeio de barco até o glacial Grey, que pela
descrição dos folhetos tem um azul muito intenso. Optamos por não ir até lá,
pois já tínhamos visto glaciais demais em El Calafate.
No geral, o parque é muito bonito,
bem cuidado e oferece boas condições de apoio aos visitantes. O visual da
natureza é deslumbrante, com uma nova emoção a cada curva. Imediatamente me veio
a comparação com os parques das Rochosas Canadenses que visitamos em 2008. Lá
tudo era indescritivelmente lindo e bem cuidado, mas já havia a “mão” do homem
arrumando as trilhas, o apoio etc... podendo ser desfrutado por todos os níveis
de aventureiros. Aqui, tudo é mais agreste, rústico, as distâncias maiores,
exigindo aventureiros mais preparados para enfrentar as trilhas. Também pensei
nos nossos parques e reservas no Brasil – não me lembro de nada parecido! No
Brasil, ainda se tem a mentalidade de deixar esses locais sem muita estrutura,
sem um bom acesso, para que os turistas não cheguem lá e destruam tudo!!!! Para
mim, um princípio inaceitável. Deveríamos nos mirar no exemplo desses países
que organizam tudo e “ensinam” os turistas a respeitar e aproveitar da natureza
e suas belezas.
Nossa programação era de ficar
apenas o dia no parque, usando também a metade do dia da chegada. Vimos muita
coisa, dessa forma, sem caminhadas mais longas. Ainda teria programação para
mais um dia no mesmo esquema, talvez com uma pequena caminhada. Portanto, em 2
dias é possível visitar as principais atrações, com calma, batendo fotos etc...
Mas, se o objetivo for caminhar por mais tempo, é preciso mais tempo. A
literatura sobre o Parque e os sites da internet fornecem informações sobre as
diversas trilhas, distancias e tempos (sempre informado sobre um só trajeto).
Na volta a Puerto Natales, pudemos
observar que o rio em frente à cidade, chamado de Estero Nueva Esperanza, já é parte
de um conjunto de canais, fiordes, ilhas em contato com o mar logo ali do
Estreito de Magalhães. Aliás, essa área aqui se chama Província de Magallanes. Por
isso tanto vento – como eles dizem “isso é Magallanes”!
Bom, depois disso, apenas um rápido giro
pelas lojinhas e jantar no Restaurante Don Jorge. Daí só nos restava cair na
cama exaustos.....
Amanha
deslocamos para Punta Arenas, uma cidade a beira do Estreito de Magalhães, a
mais ao sul do Chile no continente Sulamericano.
A foto dos dois no Lago del Toro ficou excelente. Por causa disso usaram lá em cima no cabeçalho do Blog.
ResponderExcluirVale emoldurar depois.
Jordão